Autoridades do Acre, Rondônia e Amazonas participam de imersão científica sobre desastres climáticos e preservação de florestas

São José dos Campos – SP, 25 de outubro de 2023 – Nos dias 24 e 25 de outubro, lideranças do Tribunal de Contas dos estados do Acre, Rondônia e Amazonas e membros do Ministério Público, Defensoria Pública e Justiça Federal do Acre participaram de uma Visita Científica ao Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN) e ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) com o objetivo de conhecer os mais recentes avanços sobre prevenção e respostas aos desastres climáticos e sobre o monitoramento das florestas, uso do solo e dos recursos hídricos, com ênfase na Amazônia.

Esse é o primeiro grupo que a IRI Brasil mobiliza com autoridades de instituições públicas. Desde março do ano passado, a IRI Brasil realizou seis visitas informativas ao INPE e ao CEMADEN com lideranças e comunidades de diferentes tradições religiosas. Ao todo, 160 pessoas participaram das atividades.

CEMADEN

No primeiro dia, a comitiva visitou o CEMADEN, onde dialogou com os cientistas sobre como é feito o trabalho de emissão de alertas para prevenir os desastres naturais, avaliação de vulnerabilidades e as medidas de prevenção e respostas que precisam ser adotadas em caso de riscos. Além disso, houve um debate sobre propostas de ações que os órgãos públicos poderiam adotar para reduzir a vulnerabilidade das populações e melhorar a eficiência de resposta nos eventos climáticos extremos.

A equipe foi recebida pela Diretora Geral do CEMADEN, Dra. Regina Alvalá, que fez uma apresentação sobre o trabalho da instituição, destacando os 1.038 municípios prioritários que recebem monitoramento permanente de seus especialistas.

Em seguida, Marcelo Seluchi, Coordenador-Geral de Operações e Modelagem, apresentou o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Respostas a Desastres, fornecendo informações detalhadas sobre o mapeamento de áreas de risco, sistemas de alerta, tipos de desastres monitorados e estratégias de gerenciamento de riscos de desastres naturais. O cientista destacou que “nos últimos anos, temos testemunhado um aumento significativo no número de desastres naturais devido às mudanças climáticas”. Em média, o Brasil registra cerca de 4 mil por ano.

A terceira palestra foi ministrada pela Dra. Ana Paula Cunha, pesquisadora do CEMADEN, que compartilhou resultados de pesquisas sobre o monitoramento da seca, outro fenômeno natural relacionado com o agravamento da crise climática e que acarreta impactos sociais, econômicos e ambientais significativos.

Em seguida, Rachel Trajber, Coordenadora do Programa CEMADEN Educação, apresentou os projetos da área, cujo objetivo é promover uma cultura de conscientização de riscos de desastres no contexto da educação ambiental e na construção de sociedades sustentáveis e resilientes. “Vocês estão contribuindo para formar cientistas populares”, enfatizou a conselheira Dulcinéa Beníci, Conselheira do Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE-AC).

Ao final, os participarem visitaram ainda a Sala de Situação, ambiente que funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano. Ali, são integradas diversas informações das áreas de risco de ocorrência de desastres nos municípios prioritários e, a partir da análise multidisciplinar desses dados, é feita a emissão dos alertas que são enviados para o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), que coordena o sistema de Defesa Civil do país.

INPE

O segundo dia da Visita Científica ocorreu no INPE. O Diretor Geral do órgão, Dr. Clezio Marcos de Nardi, recebeu a comitiva e fez uma breve apresentação da história do instituto, assim como de alguns dos principais serviços e produtos oferecidos à sociedade.

Na sequência, o grupo teve a oportunidade de conhecer o projeto de monitoramento “Brazil Data Cube”, apresentado pela Dra. Karine Reis Ferreira. É um projeto de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica voltado para produzir dados a partir de grandes volumes de imagens de sensoriamento remoto, de média resolução, para todo o território nacional, em  uma plataforma computacional que emprega inteligência artificial, aprendizado de máquina e análise de séries temporais de imagens. Com esse sistema, a sociedade brasileira terá acesso a séries históricas de todo o território nacional, o que permitirá avaliar a implementação de políticas públicas, dinâmicas de ocupação do território e a definição do estratégias de desenvolvimento sustentável.

Ainda no INPE, Cláudio Almeida, Coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e de outros biomas, mostrou a evolução do processo de monitoramento por satélites, assim como as novas tecnologias e metodologias utilizadas para monitorar o desmatamento e as queimadas na Amazônia Legal. Desde 1988, o INPE divulga as taxas anuais de desmatamento na região, fundamentais para o combate ao desmatamento ilegal da floresta, às invasões e à grilagem de terras públicas, mas também trazem informações de alto valor para a definição de políticas públicas de desenvolvimento sustentável.

Além do contato direto com os pesquisadores, os participantes conheceram ainda a Divisão de Clima Espacial, a Coordenação de Rastreio, Controle e Recepção de Satélites, e a Coordenação de Manufatura, Montagem, Integração e Testes. Nesses laboratórios, puderam conhecer a complexidade e importância dos trabalhos que são desenvolvidos pelos especialistas na operação dos 5 satélites brasileiros que estão em órbita, para que possam gerar as informações que serão usadas para previsão do tempo, emissão de alertas de desastres e para a proteção dos biomas e dos recursos hídricos.

Além do acesso aos dados e informações científicas de alto valor, os participantes tiveram a oportunidade de estabelecer vínculos diretos com os dirigentes e as equipes técnicas dos dois órgãos, o que favorecerá a comunicação e o desenvolvimento de futuras parcerias e cooperações entre as instituições em que atuam e o CEMADEN e INPE.

Novas edições da Visita Científica serão realizadas no próximo ano com a participação de lideranças das instituições públicas, religiosas e empresariais dos estados da Amazônia Legal.

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